Sobre Guignard, célebre pintor que nasceu em Nova Friburgo e morou um tempo em Belo Horizonte, contou-me uma história interessante o meu amigo Celso Matoso, também pintor de quadros. Disse-me que, quando era criança, estudou pintura na Escola de Guignard. O velho pintor morava em cômodos apertados e não tinha onde colocar sua produção de quadros. Vendia muito pouco. Na época, ele não era reconhecido. Mas já havia trabalhado com grandes nomes como Carlos Scliar. Então, para ganhar espaço no local onde morava, oferecia suas pinturas gratuitamente aos alunos. Na verdade, Guignard, naquela fase, mudava muito de residência porque vendia pouco e lhe faltava o dinheiro para pagar o aluguel, e o dono do imóvel pedia ao mestre que desocupasse a casa. Um dia, Guignard ofereceu algumas pinturas ao Celso, que as aceitou e passou uma tarde inteira levando-as para casa. Quando sua mãe chegou do trabalho e viu aquelas placas de madeira pintadas, encostadas na parede da sala, ficou furiosa. Celso argumentou que o professor Guignard as deu gratuitamente. Ele admirava a obra do mestre. Mas a mãe do menino mandou-o levar tudo de volta para o atelier de Guignard, pois não queria aquelas pinturas em sua casa. No outro dia, Celso levou-as de volta para a escola de Guignard e contou-lhe o sucedido. Outros alunos do pintor passaram pela mesma situação. No início da década de 90, comentando aquele fato, Celso riu saudosamente do episódio e disse que se tivesse uma só daquelas pinturas poderia vende-la e comprar uma cobertura luxuosa na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, e ainda lhe sobraria muito dinheiro para viajar.
Reportagem de Jornal O Dias
Artigo de Marco Aurélio Dias, filósofo, espírita e educador
Guignard e Sua Arte