Todo sentimento é múltiplo e variado. Se percebermos bem, veremos que tudo em nós e à nossa volta é montagem. Nossa comunicação é uma montagem de imagens e sons - letras, palavras, frases, gestos, etc. Essas montagens são induzidas pelos sentimentos. Nossos sentimentos são montagens também de vários sentimentos, não só nossos, mas herdados da família, da sociedade e dos antepassados. Somos um processo coletivo e não individual. Não se trata de contrariar o existencialismo de Sartre, segundo o qual nós somos o que fizemos de nós mesmos. Uma grande parte de nós mesmos é herança cultural, da genética ao aparelho psicológico. Na alma humana não existe sentimento puro. Ninguém sente amor e somente amor. Medo, carência, solidão, baixa estima, desejos, tristeza, melancolia, alegria, raiva, bondade, infelicidade, paixão, mágoa, fraqueza, vício, sexo, amor, etc. - tudo isso junto, e muito mais, é disparado nas nossas relações. Todas as pessoas que nos rodeiam são igualmente montagens de palavras, frases, sentimentos e partículas da matéria. Somos igual a um Maracanã lotado de torcedores. Os nossos mais variados sentimentos disputam em nossa mente qual deles vai ser veiculado nas relações. Enganamo-nos o tempo todo com as pessoas e as enganamos ao mesmo tempo, porque tanto as nossas montagens quanto as delas são momentâneas. A raiva vem e passa. A alegria também. A tristeza igualmente. A raiva passa porque outros sentimentos se juntam e descaracterizam aquela montagem anterior. O universo funciona na base de montagem. Quando olhamos um mosaico temos uma visão exata da montagem que somos. Milhares de partículas invisíveis se unem para criar massa, formar um corpo e torná-lo visível.
Jornal O DIAS
Reportagem de Jornal O Dias
Artigo de Marco Aurélio Dias, filósofo, espírita e educador
Os Sentimentos são Montagens Psíquicas