Reportagem de Jornal O Dias

Artigo de Marco Aurélio Dias, filósofo, espírita e educador

Nietzsche e o Existencialismo

As pessoas nascem e morrem, mas a humanidade está sempre viva! O que é a pessoa que nasce e morre e não escapa ao processo de vir a ser da vida? Pela proposta como a fenomenologia da vida foi criada, é óbvio que a criação não objetivou a vida eterna para as criaturas. E por que a natureza não optou por criar uma humanidade que não envelhecesse e não fosse interrompida no desenvolvimento pelo envelhecimento e pela morte? A maior angústia de Nietzsche tinha raízes psicológicas exatamente na observação de que as pessoas não são privilegiadas, não são o objetivo final da vida, não são entidades eternas, e todo o discurso da importância das pessoas junto aos interesses da Criação depois da morte, não encontra respaldo na observação da fenomenologia da vida. Ao longo da História, as pessoas complementaram a vida que acaba com o discurso da vida eterna depois da morte. No entanto, o observador é apenas uma estrutura psicossocial que capta e transmite informações de angústia ou prazer, satisfação ou insatisfação, ao inconsciente biológico da natureza e ao inconsciente coletivo social. Qual é, pois, a utilidade da existência da pessoa, se esta não existe para si, mas para o vir a ser da vida? Se a utilidade da pessoa é para o vir a ser da vida, e não para si, nem mesmo ela pode conhecer qual é a sua própria utilidade. Evidentemente que o universo não foi feito para que Nietzsche existisse e fosse útil ao padeiro indo comprar pão na padaria. Podemos entender que Schopenhauer compreendia a pessoa como cobaia ou experimentação do vir a ser desconhecido da vida? O mesmo acontece com qualquer outro ser vivo. Não se trata de que a seja uma cobaia do laboratório biológico da natureza. Porém, o que observamos é que a existência da pessoa não é para si mesma e sim para a evolução da espécie. Se a existência da pessoa fosse para si mesma, certamente as pessoas nasceriam e continuariam a viver indefinidamente, e, com certeza, Nietzsche poderia sentar em algum bar com Sócrates e compartilhar percepções sobre o fenômeno da existência. A "vontade de viver" que a pessoa sente em si não é nascida na própria pessoa, ela é da vida que flui através da pessoa. Observe-se que os seres vivos nascem e morrem, mas a vida está sempre viva. Neste sentido, a vida que a pessoa vive é uma enganação, pois a pessoa é como se fosse uma criança que brinca com a bicicleta do coleguinha que logo vai pedir que a devolva. por um momento, a criança esquece que a bicicleta não é sua. A existência tem o mesmo sentido. Do mesmo modo, a sociedade engana a pessoa e permite que se viva a vida que a ela interessa. Vive-se a vida que interessa as religiões, aos "valores morais", aos valores econômicos e aos valores políticos. A angústia existencialista não está só em não ser o motor da existência, mas em não querer ser enganado e tentar não se deixar enganar pela vida e pela sociedade. No entanto, observa-se que a enganação mantém o controle de tudo. A sociedade é moldada pelos valores morais das religiões, pelo menos no discurso das instituições, e não na prática, é um cabresto que impede o desenvolvimento cognitivo e social das pessoas, e deveria, para Nietzsche, o cidadão racional livrar-se desse cabresto ou dessa enganação, pois esta pode ser derrotada através de uma educação que ensine a criança a pensar. Temos dois problemas ontológicos: primeiro, que a pessoa não pode compreender a existência do ponto de vista da Criação, mas só do ponto de vista pessoal, através de relatos de suas percepções; o segundo, é que a vida não tem interesse em que as pessoas compreendam sua existência cósmica e muito menos que compreenda quais são os seus objetivos no vir a ser. O ser humano não existe como finalidade para si mesmo, mas para processar informações sobre a vida biológica e cultural. Observemos que a bicicleta não tem serventia para ela mesma, mas para servir como transporte. Se a deixarmos parada em algum lugar, ela vai ficar naquele local sem nenhuma função. A mente humana seria como uma bicicleta para a natureza. Sua função principal é captar e transportar informações biológicas e culturais. Qual seria o limite de entendimento da mente? Até que ponto a pessoa pode compreender a existência. Não há limites. A sociedade inventa padrões e valores morais, religiosos, econômicos e culturais, e é isto o que limita o entendimento da observação. Se a criança não for educada para desafiar e ir além dos condicionamentos sociais, culturais, religiosos e morais, a mente dela vai ser como uma bicicleta estacionada e sem função. Nada mais horrível do que uma sociedade reproduzindo, geração após geração, valores (religiosos, morais e culturais) e não conhecimento científico. A angústia de Nietzsche era decorrente do fato da pessoa existir e não ser a entidade, ser apenas a pessoa que nasce e morre e não a humanidade que continua viva, eterna. Existir temporariamente é o mesmo que ser e não ser. Isto gera uma insatisfação psíquica muito grande, pois apesar de termos uma psique, de pensarmos, não tomamos posse dessa estrutura. Sentimos que a estrutura psíquica existe. O penso, logo existo, de Descartes, é um processo psíquico que define o observador como racionalidade, e já Aristóteles dizia que toda pessoa "é um animal racional". No entanto, diríamos que é irracional da parte da vida desperdiçar as vidas já criadas para ficar criando novas vidas. Usamos a mente, mas ela é apenas um processo abstrato que funciona dentro de cada pessoa, além de ser um mecanismo invisível. Do mesmo modo, não podemos agarrar a juventude e impedir que ela se transforme em velhice. Todo o processo da vida ocorre independentemente da nossa vontade. Existe um contraste entre o uso do corpo físico e o uso da psique, pois o corpo nós apalpamos e vemos, o que causa uma impressão psíquica mais forte de que existimos. Mas a mente a pessoa não vê, não vê o pensamento e nem sabe de fato onde ele está ou como ele opera. A psique existe como um fenômeno em nós. No entanto, a construção do conhecimento é uma possibilidade infinita e, sem dúvida, o conceito de pessoa pode ser definido como melhor na área do conhecimento. E, mesmo assim, não sabemos para que serve acumular ou se desenvolver através do conhecimento. O fato de desconhecermos o objetivo da existência deixa qualquer resposta ou proposta filosófica sem consistência. Não somos uma entidade, somos um processo, e processo não é algo definido. Por isso, observamos que as pessoas nascem e morrem, enquanto que a humanidade está sempre viva. Do mesmo modo, as pedagogias nascem e morrem, porém as escolas estão sempre abertas. Todas as religiões e princípios morais falharam na missão de pacificar a pessoa e construir uma sociedade de respeito ao outro e entendimento cordial. Não seria o momento de ensinar a criança a pensar, para se defender do conjunto de condicionamentos aos valores sem valor? Como nossas expectativas de sermos uma entidade estão justamente localizadas na psique, que é abstrata, fica diagnosticada a angústia de não sabermos onde existimos e nem observarmos fisicamente esse processo de nós mesmos. O pensamento é a única ferramenta para tentar conhecer como ocorre o fenômeno psíquico. Mas o pensamento não é uma entidade. Ainda que saibamos que a pulsão sexual estimula e provoca a psique, conforme as descobertas de Freud, isso não caracteriza o entendimento de si mesmo e nem é uma resposta que satisfaça a sensação de insegurança existencial. Gostaríamos de poder agarrar algo que fosse nós mesmos, exatamente como apalpamos fisicamente as coisas ao nosso redor. O fato é que não podemos separar o funcionamento da psique dos objetivos evolutivos da espécie humana. Aprendemos que a função da mente seria separar-se do corpo e sobreviver como entidade eterna em algum lugar, como se a mente fosse separada em porções ou pedaços que chamamos de espíritos. Nessa ânsia de ter uma identidade tentamos individualizar a mente e dar-lhe uma função pessoal. Mas ela é apenas um processo psíquico interiorizado em cada pessoa, bem como em todos os seres vivos, e tem como objetivo captar e transmitir informações, que, por assim dizer, impulsionam a evolução para novas adaptações e performances evolutivas. O pensamento filosófico identifica a raiz da angústia existencial no fato da pessoa "ser e não ser". O ser humano é um artifício da evolução, não existe para si mesmo, existe como uma estratégia da natureza para atingir objetivos que não são completamente entendidos pela racionalidade humana, e o processo contínuo de vir a ser não é algo que sacia a existência individual. 

               

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A VIDA SECRETA DE CHICO TAQUARA



A VIDA SECRETA DE CHICO TAQUARA Como foi a chegada de Chico Taquara na cidade de São Thomé das Letras? Corria o ano de 1860. São Tomé das Letras era um pequeno arraial encravado na Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas Gerais. Numa manhã fria de junho, o jovem Chico Taquara, aparentando ter vinte anos, chegou na cidade. Sua intenção era viver retirado em alguma área rural onde se sentisse seguro e preservado da convivência humana. Ele era um espírito livre e controverso. Muitas pessoas querem saber onde ele nasceu, de qual cidade ele veio e quem eram seus pais. Na verdade, são perguntas que não podem ser respondidas, pois não há relatos e nem documentos que comprovem que ele morou em outra cidade antes de se mudar para São Thomé das Letras. Também não há notícias sobre quem foram seus pais, irmãos e parentes. A origem e o destino dele são um mistério que só a filosofia dos mistérios pode esclarecer. Então, segundo a filosofia dos mistérios, quem foi Chico Taquara? Indo direto ao ponto, o fato que a história desconhece é que ele não era um homem, mas um espírito materializado. Alguns místicos entendem e divulgam que a cidade de São Tomé das Letras é um portal que dá acesso a outras regiões mais evoluídas do Plano Espiritual. Esse pensamento é coerente com a filosofia secreta. Porém, o místico Chico Taquara não só foi o responsável por estabelecer esse portal espiritual, mas ele mesmo era um habitante daquelas regiões e se materializou na Terra a partir de lá. Entendendo isso, temos a dizer que naquela manhã fria de junho, em 1860, quando Chico Taquara apareceu na cidade de São Thomé das Letras, ele não estava vindo de uma outra cidade qualquer, porém sim havia acabado de se materializar no plano físico com a missão de construir o portal que conecta aquela montanha aos mundos superiores. Clique aqui e veja mais.



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