A Educação em Piaget e em Aurellio

Reportagem de Jornal O Dias

Artigo de Marco Aurélio Dias, filósofo, espírita e educador

Marco Aurellio Dias chama a atenção para o fato de que tudo está em processo de vir-a-ser. Nada é definitivo. Tudo em nós é uma passagem, como um trem que segue um percurso contínuo e indefinido, passando por vários locais e sem fazer nenhuma parada. O mundo se movimenta ao nosso redor como esse trem. E nós nos movimentamos em relação a esse mundo que nos rodeia. Era desse modo que o Lauro de Oliveira Lima entendia a educação. Enquanto a sociedade da década de 60, no Brasil, entendia o adulto como definido e acabado, o professor Lauro entendia-o como processual. O indivíduo está em tramitação contínua. Nunca está formado. Logo, o conceito de eu sou é bastante ilusório, já que tudo muda em nós mesmos e no mundo que nos rodeia. Por isso, em Piaget, a função da educação é tirar a pessoa de dentro do condicionamento (o eu sou, o conhecido), fazendo-a funcionar como processo de vir-a-ser, geração após geração. Toda especulação tem um pouco da tentativa de conhecer-se a si mesmo, bem como visa quebrar os condicionamentos e as limitações. Por isso a educação especulativa é importante. Marco Aurellio Dias diz que, para a natureza, o ser humano existe como uma experiência da evolução, como um processo experimental e não como existência individual e modelo definido. O ser humano como obra da natureza é um indivíduo inacabado, sempre em formação. Além disso, o objetivo principal da natureza não é o indivíduo, mas a espécie. Na natureza o que importa é a continuidade. A pessoa é temporária e a natureza a descarta. A reprodução é a continuidade. A reprodução representa a eternidade biológica e nela acontece o processo evolutivo. A reprodução é o vir-a-ser. Por isso a natureza concentra todo o seu esforço na reprodução. Todo o processo da vida evolutiva acontece na reprodução. Logo, parece lógico o modelo de ensino proposto por Piaget, por estar mais de acordo com as finalidades da natureza, a qual coloca na continuidade os seus esforços evolutivos, e a continuidade é o oposto do condicionamento.