A criança pega a joaninha no jardim. Coloca-a dentro de um vidro tampado. Tem medo de que escape. Ela é tão bonitinha, pintadinha, mimosa! Por amor e admiração, a criança prende-a! Quando volta da escola descobre que a joaninha morreu. Essa mesma criança fica adulta e se apaixona por alguém. Então procura agir da mesma forma. Está sempre com medo de que as coisas que ama escapem. Aprendemos a prender. Temos nossos vidrinhos com filhos, pais, amores e amigos aprisionados. Não fomos educados para dar liberdade. Deixar livre. Temos amor pelas coisas presas. Elas nos dão a sensação de que são nossas posses. Amando em vidrinhos ficamos mais seguros. E quando nos sentimos inseguros acionamos nossas chantagens, abrimos nossos vidrinhos para sacrificar a liberdade alheia. Não aprendemos a amar as coisas livres, a ave voando, a joaninha solta na roseira do quintal. Por isso amamos errado. O amor errado não dá certo e não termina certo. O amor não pode ser uma brincadeira de adulto. Não pode ser colocado dentro de um vidrinho para não escapar. Mas é amando errado que se aprende a amar certo. Porém não adianta amar certo a pessoa que ama errado. Você até pode jogar fora os seus vidrinhos. Mas pouco vai adiantar se a pessoa que você está amando tiver os vidrinhos dela e tentar te prender para você não escapar. Até ela descobrir que o amor não é como as joaninhas e os grilos que guardou nos vidrinhos tampados quando era criança. E nem se lembra que as joaninhas e os grilos morreram sufocados. Tristes dos amores sufocados em vidrinhos!
Jornal O DIAS
Reportagem de Jornal O Dias
Artigo de Marco Aurélio Dias, filósofo, espírita e educador
Teu amor está dentro do vidro?