Hoje cedo dei um passo maior na minha descaracterização como pessoa séria. Corri na praia. Brinquei com as ondas que vinham brincar comigo. Gargalhei, sorri, rolei na areia. Catei conchinhas. Senti-me criança. Observei as crianças e agi como elas agem. Lembrei-me de quando eu era criança e via a vida sorridente, boa como ela é. Não tinha a preocupação de ser alguma coisa para alguém. A criança saiu de dentro de mim espontaneamente. Os adultos não olham a vida, só pensam nos problemas, nas dívidas, nos objetos que desejam adquirir e remoem maldições contra amores que não deram certo. A pessoa adulta as vezes vira um lixo por dentro. Para de sorrir. Não se encanta mais com os outros seres da natureza. Tudo acha "um saco". Faz tempo que ando percebendo como os adultos são feios por dentro. Tudo neles é sexo, tirar vantagem, lucrar, manter aparências, estar por cima, ser dono da razão, criticar, discriminar, desfazer, debochar... Mas hoje cedo, na praia, tirei a minha criança do coração... Desenhei na areia a minha liberdade, fugi da onda e ri o riso puro da criança inocente. E sabe mais o que descobri: que ainda sou criança! Escondi a criança durante anos. Deixei que me convencessem que não sou mais criança. Repetiram tanto que "eu não era mais uma criança" que acreditei! Aí imitei o rosto sério e tenso dos adultos. Mas hoje cedo descobri que ainda sou uma criança e que tudo o que fiz foi imitar um triste e malfadado papel de adulto aborrecido. Agora deixei o adulto triste de lado e voltei a ser criança novamente!
Jornal O DIAS
Reportagem de Jornal O Dias
Artigo de Marco Aurélio Dias, filósofo, espírita e educador
Descobri que ainda sou criança