
As pesquisas científicas comprovam as teorias evolucionistas de Charles Darwin e de outros estudiosos quanto ao fato do homem moderno ser o resultado de mutações e miscigenações de vários grupos de antropoides primitivos. Pelo menos mais de um milhão de anos esses antropoides viveram nas florestas da África, migraram para a Europa e a Ásia. Viveram inicialmente nas árvores, depois desceram, moraram em cavernas e levavam vida de animal selvagem. Era um tempo de terror selvagem e não existiam leis sociais como as temos hoje. Esses hominídeos matavam, roubavam e experimentavam uma liberdade natural absoluta para praticarem qualquer tipo de ação violenta e arbitrária. A mente humana passou por várias fases de evolução durante esse período que nos separa daquele tempo, arquivando-as. Todas essas fases da evolução estão guardadas. Através desses arquivos, o indivíduo moderno tem uma ligação inconsciente com as experiências do homem primitivo em todas as suas fases de expansão étnica. Essa ligação psicológica é o que chamo de Labirinto da África. Leibniz disse que a natureza não dá saltos. Sendo assim, a evolução social é um processo psicológico lento e de substituição do impulso egoísta pela razão social. A espécie humana evolui interiorizando suas fases psíquicas, do mesmo modo que a pessoa cresce interiorizando suas fases de criança, adolescente, jovem, adulto e idoso. O labirinto da África é uma concepção que tenho acerca desse corredor evolutivo que liga o homem moderno ao homem primitivo. É um labirinto psíquico com várias entradas que dão acesso a todas as experiências evolutivas da espécie. Esse esquema psicológico nos remete a todas as fases anteriores da construção da mente moderna. A conexão com o labirinto da África pode causar distúrbios de comportamento social e levar as pessoas a práticas de liberdade absoluta como naqueles tempos primitivos e que não são compatíveis com a sociedade moderna. A pessoa também pode se perder naqueles corredores do labirinto quando, por algum motivo ameaçador, foge do convívio social. A entrada principal do Labirinto da África fica em alguma região do inconsciente. A psique tem mobilidade e acesso aos corredores do labirinto e pode travar ou ficar presa em algum módulo ancestral da evolução psicológica humana, substituindo a razão moderna pelos arquétipos ultrapassados dos hominídeos. Quando o indivíduo é provocado e fica enraivecido a sua psique vai recuando a várias fases anteriores de sua formação mental, chegando a estágios bem primitivos. Nesse estado psicológico ele pode reagir como aquele antropoide ancestral que usava a violência naturalmente e não tinha nenhum conhecimento de respeito aos direitos sociais modernos. Ele não entendia que matar o próximo era um ato condenável. O primeiro recuo psíquico da pessoa enraivecida é ao estágio racional da lei de talião, e ela se sente motivada a responder na base de olho por olho e dente por dente, fazendo justiça pelas próprias mãos e aplicando a justa reciprocidade da pena e do crime. No entanto, sem motivações aparentes, uma pessoa pode vir a responder com pequenas reações primitivas de violência ou com diversos tipos de arbitrariedades ocultas que não são considerados crimes, mas falta de ética, falta de compostura, atitudes provocativas, relacionamentos dominadores e atitudes extremamente egoístas.