Reportagem de Jornal O Dias

Artigo de Marco Aurélio Dias, filósofo, espírita e educador

Moteiro Lobato, Racismo e Miscigenação


Jornal O Dias, Tia Nastácia
Monteiro Lobato e o Racismo

As denúncias de que Monteiro Lobato seria racista remontam ao tempo de suas lutas nacionalistas pelo petróleo brasileiro. Monteiro Lobato não era racista, mas os boatos o culpavam de achar que a miscigenação seria uma praga para desempenho social do Brasil. Lobato seria um eugenista? Defenderia a tese de uma raça pura? Não tinha essa posição ideológica. Seu defeito era um nacionalismo ideológico quase extremista. Bom, aquele "bigodinho de vem cá meu puto" que ele usava, semelhante ao de Hitler, sempre foi esquisito. Mas, se era contra a miscigenação, nos contos infantis fez uma miscigenação literária completa e abundante. Usou e abusou do Saci. Misturou todo o folclore brasileiro com lendas e realidades internacionais. Logo, Monteiro Lobato não podia ser eugenista. O esquisito nele é mesmo o bigodinho ao estilo de Hitler. Mas só isso!

A etnia e a miscigenação no Brasil

     A etnia tem uma força superior ao que possamos querer dentro de um idealismo social. A etnia se impõe. Grupos se atraem por imposição da adaptação ao meio. Sabemos que a atração que os portugueses tinham pelas negras, principalmente no período pós-escravidão, era uma imposição da natureza para miscigenar e obter uma adaptação maior ao clima tropical do Brasil. Não simplesmente o que poderíamos chamar de tara sexual. E a miscigenação continua por esse imperativo biológico, miscigenar e adaptar. A miscigenação também ocorre por fatores sociais. Quando dentro de uma mesma sociedade um grupo se torna mais adaptável socialmente, atrai outro grupo que não está se adaptando satisfatoriamente. Muitos descendentes da antiga classe média, que se denominavam burgueses, recentemente acabaram sendo atraídos para as classes pobres emergentes, através da miscigenação e da favelização. Só por meio da miscigenação cultural e genética é que aqueles herdeiros da antiga classe média decaída puderam se adaptar socialmente e crescer. Estavam fadados a desaparecer. Ficariam isolados e sem expressão. Os próprios neandertais se perpetuaram em nossos genes pela miscigenação com os hommo sapiens. Miscigenação não é questão de querer ou não querer, quem quer é a natureza. Observamos que tudo se move em função de uma adaptação mais fácil. Os neandertais formavam pequenos grupos de pessoas e não tinham como processar uma variação racial suficiente para realizar mutações que os tornassem mais adaptáveis ao meio ambiente. O inconsciente biológico da espécie levou-os a se miscigenarem com o hommo sapiens para se perpetuarem geneticamente. E desapareceram. Verificamos que os europeus, principalmente os portugueses, foram atraídos para a miscigenação. Não vamos justificar o abuso sexual dos senhores de engenhos e outros europeus menos graduados com as escravas. O instinto biológico de perpetuação da espécie nem sempre é amistoso e poético.

O nacionalismo exacerbado de Monteiro Lobato, a crítica a Anita Malfatti e a Semana da Arte Moderna

     O que vemos em Monteiro Lobato é um nacionalismo exacerbado e esse nacionalismo lhe rendeu algumas opiniões impensadas e algumas inimizades desnecessárias, como no caso de suas críticas contra os quadros de Anita Malfatti,  que soaram mal no meio artístico e cujo antagonismo teve como resposta a famosa Semana da Arte Moderna de 1922. Para ele, o nacionalismo era fundamental e queria o Brasil fechado para todo tipo de importação de cultura. Achava o Brasil muito rico e carente de exportação dos seus atributos. Uma posição parecida com o "antropofagismo cultural" de Oswald de Andrade, cujo nome nasceu do quadro que ganhou de presente de Tarsila do Amaral. O mundo caminhou para a globalização das idéias e da informação. Evidentemente que ele via cubismo, surrealismo, dadaísmo, etc., como movimentos insuportáveis, pois tratavam-se da evolução cultural da Europa. Ele queria ver o Brasil produzindo seus próprios ismos. Basta saber que ele lutava ferrenhamente contra uma possível exploração do petróleo nacional por capital estrangeiro. Mas não era contra os movimentos artísticos, pois, sabidamente, era um caricaturista notável e suas paisagens em aquarela foram belamente pintadas.

Monteiro Lobato e Jean Jacques Rousseau

     Voltando ao racismo, Lobato introduz Tia Nastácia, personagem negro, em seus contos, e ela tem uma função pedagógica perante crianças encarnadas em suas histórias, sem contar o rico folclore indígena e negro com que reveste seus contos, o que o livra de qualquer tipo de acusação de racismo. 
     Eu o comparo mais ou menos a Jean Jacques Rousseau com sua opinião ferrenha de que a volta do homem social ao estado de natureza seria a solução para acabar com os problemas da maldade política no meio social humano. Foi perseguido pela igreja por causa dessas idéias e de outras. Chegou a escrever sua obra infantil pedagógica, o Emílio, como um manual de educação para levar o ser humano próximo ao estilo de simplicidade do estado de natureza, erradicando, assim, o desejo de posses, a competição pelo poder e a decorrente maldade dessa luta. Não se trata simplesmente de educação. O homem primitivo, feroz, sem ética e sem lei permanece dentro de cada indivíduo como uma "sombra", assumindo seu papel quando se sente ameaçado na luta pela sobrevivência. Jung e Freud estudaram esse aspecto da personalidade. O fato é que Rousseau sentia-se, por assim dizer, enojado com os adultos, assim como nós as vezes temos nojo da política. Semelhantemente a Rousseau, Monteiro Lobato coloca o seu nacionalismo na literatura infantil e descobre a fórmula pedagógica de influenciar as gerações futuras. Porém foi acusado de comunista por causa de suas publicações pedagógicas. A Igreja Católica se sentiu afrontada com as idéias pedagógicas de Monteiro Lobato, da mesma forma como arguiu que o pensamento pedagógico de Rousseau "atentava contra os bons costumes e a moral". Terrível esta frase, detesto-a! Ela foi muito usada pelos militares do Golpe de 64. O padre Sales Brasil escreveu um texto onde insinuava que a literatura infantil de Monteiro Lobato seria comunismo para criança. Monteiro Lobato não poupava críticas e acabou sendo preso por causa delas.

Monteiro Lobato, o Jeca Tatu e Rui Barbosa

     Monteiro Lobato, como muitos de nós, sentia-se desiludido com a política brasileira, e Rui Barbosa expressou essa desilusão naquelas palavras clássicas: "de tanto ver prosperar a injustiça...", razão pela qual saiu em defesa de Monteiro Lobato quando repercutiu mal nos meios sociais a forma como ele generalizou no seu Jeca Tatu a indolência e a miséria do caipira. A intenção do escritor seria apenas chamar a atenção dos brasileiros e dos políticos para a injustiça social e o esquecimento em que vivia o homem do campo. Não localizou o caipira do seu Jeca Tatu e, por essa falha, classificou todos os caipiras brasileiros como indolentes. 

O Brasil e o resgate social

     Monteiro Lobato imaginava um Brasil acelerado. Todavia, o Brasil tinha e tem um resgate social pendente. A escravidão deixou uma dívida social para as futuras gerações. Nem Getúlio Vargas, nem Fernando Henrique, nem Lula, nem Dilma conseguiram acabar com a injustiça social que faria o Brasil acelerar como era o gosto de Monteiro Lobato, e nenhum de nós sabe como resolver isso. Considero Lobato um grande brasileiro. Ele achava que a descoberta e a exploração do petróleo no Brasil resolveria os problemas da injustiça social. Mas a injustiça social brasileira está na própria injustiça e não no capital. A injustiça no Brasil chega a ser quase um arquétipo social, ela se impõe como se fosse uma qualidade, e estou falando tanto da corrupção dos grandes quanto dos maus costumes dos miseráveis. Herdamos a injustiça social e seus atributos de comportamento.
Jornal O DIAS

A VIDA SECRETA DE CHICO TAQUARA



A VIDA SECRETA DE CHICO TAQUARA Como foi a chegada de Chico Taquara na cidade de São Thomé das Letras? Corria o ano de 1860. São Tomé das Letras era um pequeno arraial encravado na Serra da Mantiqueira, no Sul de Minas Gerais. Numa manhã fria de junho, o jovem Chico Taquara, aparentando ter vinte anos, chegou na cidade. Sua intenção era viver retirado em alguma área rural onde se sentisse seguro e preservado da convivência humana. Ele era um espírito livre e controverso. Muitas pessoas querem saber onde ele nasceu, de qual cidade ele veio e quem eram seus pais. Na verdade, são perguntas que não podem ser respondidas, pois não há relatos e nem documentos que comprovem que ele morou em outra cidade antes de se mudar para São Thomé das Letras. Também não há notícias sobre quem foram seus pais, irmãos e parentes. A origem e o destino dele são um mistério que só a filosofia dos mistérios pode esclarecer. Então, segundo a filosofia dos mistérios, quem foi Chico Taquara? Indo direto ao ponto, o fato que a história desconhece é que ele não era um homem, mas um espírito materializado. Alguns místicos entendem e divulgam que a cidade de São Tomé das Letras é um portal que dá acesso a outras regiões mais evoluídas do Plano Espiritual. Esse pensamento é coerente com a filosofia secreta. Porém, o místico Chico Taquara não só foi o responsável por estabelecer esse portal espiritual, mas ele mesmo era um habitante daquelas regiões e se materializou na Terra a partir de lá. Entendendo isso, temos a dizer que naquela manhã fria de junho, em 1860, quando Chico Taquara apareceu na cidade de São Thomé das Letras, ele não estava vindo de uma outra cidade qualquer, porém sim havia acabado de se materializar no plano físico com a missão de construir o portal que conecta aquela montanha aos mundos superiores. Clique aqui e veja mais.



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