Muitos idosos falam que estão desiludidos com o mundo, que a vida acabou e não acreditam mais no amor e nas pessoas. Chegam mesmo a colocar a culpa das desilusões pessoais na sociedade. Mas é preciso entender que o idoso não sonha com o futuro como sonha o adolescente, e isso estabelece um vazio. O idoso está no futuro da sua idade. A fase da ilusão abrange a faixa das pessoas jovens: planejar casamento, filhos, profissão, casa própria, etc. Não seria normal uma pessoa aposentada e com os filhos criados querer ter a ilusão da mocidade. Uma mulher idosa não pode sonhar com ter mais filhos e ser desejada pelos adolescentes como se fosse uma moça, mas pode amar em qualquer idade, pode ter metas, pode estudar, pode namorar, etc. Quando as mocinhas não olham os quarentões com interesse romântico, é óbvio que eles sentem o peso da idade, mas é real. Os idosos viveram as ilusões e as perderam. Os jovens precisam realmente estar iludidos e sonhar, embora o idoso esteja desencantado com os sonhos que eles estão sonhando; ele sabe que o sonho pode ser uma armadilha na qual a pessoa vai cair, porque ele passou pela mesma situação. O idoso não fica desiludido com as pessoas porque elas estão piores ou porque não prestam, mas sim porque passou pela fase da ilusão e entrou numa fase de enxergar a realidade. A desilusão é um processo normal da maturidade. Mas a desmotivação para a vida precisa ser tratada. A moral da história é que a vida passa e não se pode adiar para amanhã a vida de hoje. Ou seja, se o idoso não viver hoje as suas possibilidades de idoso, amanhã poderá ser tarde para fazê-lo.
Jornal O DIAS
Reportagem de Jornal O Dias
Artigo de Marco Aurélio Dias, filósofo, espírita e educador
Os Idosos e a Desilusão