Não há dúvidas de que projetamos no mundo exterior nossas experiências psíquicas anteriores. Quando temos que passar em uma rua escura e avistamos o vulto de alguém que está na outra ponta da rua e caminha em nossa direção, sentimos um alerta de perigo, identificamos a presença do predador, visualizamos que o ambiente é propício para um crime e temos um impeto de voltar. Talvez o indivíduo esteja tendo os mesmos sentimentos de alerta. Tudo isso que experimentamos não está associado diretamente ao indivíduo que avistamos. Ele pode não ser um inimigo. São acontecimentos internos da psique, e o cérebro prepara o corpo para uma fuga do inimigo predador. Na medida em que as duas pessoas caminham e ficam mais próximas, as imagens se tornam mais nítidas e então podemos ver as características físicas da outra pessoa. Descobrimos que o indivíduo que julgávamos ser um provável inimigo é na verdade um antigo conhecido e vizinho nosso voltando do trabalho. Todas as informações psíquicas anteriores que acionamos e que nos colocaram de sobreaviso contra o inimigo, são recolhidas, retornam ao arquivo de experiências da psique, e outras informações e acontecimentos psicológicos são acionados. Cumprimentamos nosso vizinho, batemos um papo e seguimos nosso caminho.É dessa forma que as pessoas alternam seus humores, uns dias ficam de cara fechada, outro dia abrem aquele sorriso maravilhoso, pois estão continuamente exteriorizando acontecimentos psíquicos internos, que, como sabemos, influenciam seus comportamentos. Vivenciamos milhares de sensações de apreensão desse tipo, diariamente. É uma operação normal da psique. Existem situações em que a tensão contra o desconhecido pode permanecer a vida inteira e caracterizar um trauma porque a pessoa se coloca sempre em fuga quando a situação de enfrentamento acontece. Isso ocorre sempre que queremos fugir de alguém para não enfrentar algo. Vivemos em tensão e em alerta.Fui procurado por um homem que devia 100 reais ao dono da padaria. Disse que não queria pagar porque comprou diversos produtos e uma caixa de leite, Todos os pacotes de leite, segundo ele, estavam com data vencida e alguns estragados. Também não reclamou e nem devolveu a caixa de leite. Mas passou a andar nas ruas do bairro com medo de encontrar essa pessoa e ser cobrado. Antes de dobrar uma esquina, olhava atentamente para ver se o tal homem não estava naquela rua. Antes de entrar na igreja, primeiro se escondia e observava para ter certeza de que o comerciante não estava lá dentro. Várias vezes deixou de entrar em algum lugar ou saiu andando apressado porque algum homem de costas parecia ser o dono da padaria, e fugia. Por fim, parou de sair de casa. Os links de alerta psíquico estavam sempre acionados e forçando-o a ficar escondido, caracterizando quase que uma psicose. Aconselhei-o a pagar ao dono da padaria os 100 reais antes que tivesse que gastar muito mais com remédios, consultas e internações. Ele procedeu conforme minha indicação, desativou os links psíquicos de alerta, voltou a ter uma vida normal e a andar nas ruas sem ter que se esconder de ninguém. Normalmente confundimos nossas reações psíquicas com as impressões que obtemos do mundo externo. Isto é, avaliamos nossas experiências com o mundo externo através das reações que elas nos causam. Vejo uma pessoa, ela desperta um link de alguma experiência que já tive, essa experiência me causa uma reação psicológica de conforto ou desconforto e projeto essa reação psicológica na pessoa que vejo.
Jornal O DIAS
Reportagem de Jornal O Dias
Artigo de Marco Aurélio Dias, filósofo, espírita e educador
Projeções Psíquicas - Psicologia