Dois cegos se aproximaram de uma roseira para saber exatamente como ela é. Um deles esticou a mão e agarrou o galho cheio de espinhos. Deu um grito e largou-o. Em seguida, disse que a roseira é um bicho feroz e que mordeu sua mão com dentes pontiagudos. Aconselhou o outro a se afastar da roseira. O segundo cego, curioso, esticou a mão e apalpou a flor, sentindo a maciez das pétalas e a fragrância do perfume suave. Virando-se para o amigo, disse que a roseira não é um animal feroz, mas um animal de pele macia como a dos bebês e muito perfumada, não trazendo nenhum perigo ou ameaça. E ficaram discutindo sobre a roseira. Um dizia que a roseira é um bicho feroz, capaz de morder, e o outro cego falando que a roseira é um animal dócil, de pele macia e perfumada. Mas os dois estavam enganados. Nenhum viu a roseira no seu todo. Diante da vida, somos como os dois cegos. Não vemos a vida no todo. O universo visível é apenas a parte menor que a constitui. Temos opiniões que não são a realidade. Acreditamos nas coisas que tocamos e achamos que elas são o todo, porém não passam de um pedaço. Pior ainda, julgamos as coisas pelos conceitos que criamos. Como os dois cegos, ficamos discutindo, achamos que estamos com a razão, que somos os donos da verdade e que estamos justificados quando maltratamos e desconfiamos de alguém apenas baseados em nossos julgamentos.
Jornal O DIAS
Reportagem de Jornal O Dias
Artigo de Marco Aurélio Dias, filósofo, espírita e educador
Os Cegos e a Roseira